Anna Julia B. Fernandes1*‡, Ivan de A. Pedrosa2, Yara P. Cid3, Debora A. Borges4, Isabelle V. Bonfim1, Fernando R. Miranda4, Fabio B. Scott3
As disputas entre cães são denominadas de interações agonísticas, em que latem, rosnam e mordem o oponente. Se, em ambiente familiar, decorre no desequilíbrio do grupo, relatado neste caso, no qual duas cadelas castradas, sem raça definida (SRD), com 2 e 5 anos, viviam sob o mesmo domicílio. Os responsáveis solicitaram o adestramento com a queixa de brigas, causando ferimentos nas mesmas e na responsável ao tentar separá-las. Montou-se um protocolo de adestramento à domicílio com orientações de manejo comportamental e treino de obediência. Os animais foram separados por uma grade em ambientes diferentes, mas com o mesmo campo de visão, e começou-se o treino individual de 30min, uma vez ao dia, duas vezes por semana, condicionando o uso de coleira e guia; a condução ao lado, conectadas ao condutor; os comandos de “ficar” e “vem”, baseado no reforço positivo, ao receber petisco a cada atitude executada de forma correta e, ao final, as cadelas permaneciam separadas, tal procedimento se manteve por um mês. O treino seguia, mantendo-as separadas, mas no mesmo ambiente, à medida que uma cadela era treinada pelo adestrador e a outra pela responsável para que obtivessem clareza ao realizarem a leitura do comportamento, equilibrando a relação do grupo. As interações agonísticas antes e após os treinos não foram medidas, mas, segundo a responsável, diminuíram conforme o treino evoluía e as cadelas foram liberadas para permanecerem no mesmo ambiente por mais um mês, com treinos com as duas ao mesmo tempo, diários, uma vez ao dia pela responsável. Esta seguiu o manejo de não valorizar comportamentos agitados e ansiosos das cadelas com reforço negativo ao ignorá-los, recompensando positivamente os calmos e obedientes, além de manter o treino de obediência diariamente, uma vez ao dia e relatou que as cadelas não apresentaram mais o comportamento agonístico até então.
Implicações do estudo: Os cães estão cada vez mais inseridos como membros da família conforme o avanço da relação familiar e, consequentemente, há a necessidade de harmonia nessa relação interespecífica. Tal harmonia só será atingida à medida que se tenha dedicação por parte da espécie humana em compreender e respeitar os traços comportamentais da espécie canina, para que esta consiga realizar uma comunicação clara e eficiente, decorrendo em uma satisfatória socialização. Quanto mais disseminada for a ciência da terapia comportamental exercida pelo serviço de adestramento, mais grupos multiespécie estarão equilibrados socialmente e menos impactos negativos na sanidade mental humana e animal serão provocados.
Palavras-chave: comportamento canino; comunicação canina; treino de obediênciaFinanciamento: Projeto sem financiamento.Comitê de ética: Não se aplica.