Adestramento No Manejo Da Interação Agonística Entre Duas Cadelas Residentes Do Mesmo Domicílio – Relato De Caso

Anna Julia B. Fernandes1*‡, Ivan de A. Pedrosa2, Yara P. Cid3, Debora A. Borges4, Isabelle V. Bonfim1, Fernando R. Miranda4, Fabio B. Scott3

  1. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV) da UFRRJ, Seropédica, Brasil;
  2. Zootecnista e Adestrador de Cães da empresa CINOTEC®, Seropédica, Brasil;
  3. Professor do PPGCV da UFRRJ, Seropédica, Brasil;
  4. Doutorando do PPGCV da UFRRJ, Seropédica, Brasil.
    ‡ Apresentou o trabalho | * Correspondência: annajuliabessa@gmail.com

As disputas entre cães são denominadas de interações agonísticas, em que latem, rosnam e mordem o oponente. Se, em ambiente familiar, decorre no desequilíbrio do grupo, relatado neste caso, no qual duas cadelas castradas, sem raça definida (SRD), com 2 e 5 anos, viviam sob o mesmo domicílio. Os responsáveis solicitaram o adestramento com a queixa de brigas, causando ferimentos nas mesmas e na responsável ao tentar separá-las. Montou-se um protocolo de adestramento à domicílio com orientações de manejo comportamental e treino de obediência. Os animais foram separados por uma grade em ambientes diferentes, mas com o mesmo campo de visão, e começou-se o treino individual de 30min, uma vez ao dia, duas vezes por semana, condicionando o uso de coleira e guia; a condução ao lado, conectadas ao condutor; os comandos de “ficar” e “vem”, baseado no reforço positivo, ao receber petisco a cada atitude executada de forma correta e, ao final, as cadelas permaneciam separadas, tal procedimento se manteve por um mês. O treino seguia, mantendo-as separadas, mas no mesmo ambiente, à medida que uma cadela era treinada pelo adestrador e a outra pela responsável para que obtivessem clareza ao realizarem a leitura do comportamento, equilibrando a relação do grupo. As interações agonísticas antes e após os treinos não foram medidas, mas, segundo a responsável, diminuíram conforme o treino evoluía e as cadelas foram liberadas para permanecerem no mesmo ambiente por mais um mês, com treinos com as duas ao mesmo tempo, diários, uma vez ao dia pela responsável. Esta seguiu o manejo de não valorizar comportamentos agitados e ansiosos das cadelas com reforço negativo ao ignorá-los, recompensando positivamente os calmos e obedientes, além de manter o treino de obediência diariamente, uma vez ao dia e relatou que as cadelas não apresentaram mais o comportamento agonístico até então.

Implicações do estudo: Os cães estão cada vez mais inseridos como membros da família conforme o avanço da relação familiar e, consequentemente, há a necessidade de harmonia nessa relação interespecífica. Tal harmonia só será atingida à medida que se tenha dedicação por parte da espécie humana em compreender e respeitar os traços comportamentais da espécie canina, para que esta consiga realizar uma comunicação clara e eficiente, decorrendo em uma satisfatória socialização. Quanto mais disseminada for a ciência da terapia comportamental exercida pelo serviço de adestramento, mais grupos multiespécie estarão equilibrados socialmente e menos impactos negativos na sanidade mental humana e animal serão provocados.

Palavras-chave: comportamento canino; comunicação canina; treino de obediência
Financiamento: Projeto sem financiamento.
Comitê de ética: Não se aplica.