Sua origem remonta aos tempos das Legiões Romanas, quando os antepassados dos Rottweilers desempenhavam as funções de guarda e condutores do gado, evitando ladrões e predadores, assim como guarda dos acampamentos e dos prisioneiros. Um dos caminhos utilizados pelas Legiões Romanas passava pelo sul da Alemanha, numa cidade conhecida pelos romanos como Arae Flaviae, fundada dois séculos antes de Cristo.
Este local funcionava como um centro administrativo e social importante, onde os soldados faziam parada obrigatória. Com a ocupação imposta pelos romanos, a cidade prosperou e ascendeu à condição de Vila fortificada. Seus prédios mais importantes foram cobertos de telhas vermelhas e por esta razão passou a ser chamada de Rottwill (vila vermelha) que passou com o tempo para Rottweil, como até hoje é conhecida
É sabido que os romanos usavam cães grandes, do tipo molosso em suas batalhas, portanto podemos concluir que o aspecto pesado, ossos fortes, cabeça poderosa, e o temperamento firme do Rottweiler descendem deste tipo de cão. Cães montanheses suíços, também de grande porte participaram da formação da raça, pois estes cães transmitem os indesejados pelos brancos que por vezes insistem em aparecer até hoje no peito e patas dos Rottweilers, mas também contribuíram no sentido de aprimorar o trabalho de pastoreio que foi vital para a raça.
Entre 250 e 260 D.C. , os romanos foram expulsos por tribos locais, e os cães foram deixados para trás, estes muito valentes na proteção de seus donos e propriedades foram mortos em quantidade. Os sobreviventes foram envolvidos na lida com o gado, guarda e outros serviços. Rottweil se tornou um próspero centro comercial, atraindo boiadeiros, fazendeiros e comerciantes de várias regiões para ali realizarem negócios.
Logo foi notada a presença dos cães de açougueiros de Rottweil “metzgerhund”, e por se tratar da cidade onde foi selecionada a raça, daí surge nome Rottweiler . Curiosamente, até hoje alguns dos mais respeitados criadores alemães da raça, são açougueiros.
Em tempos que os assaltantes e os lobos se faziam notar pelos caminhos selvagens das montanhas, eram necessários cães fortes, tenazes e inteligentes para a condução dos rebanhos. Na época, todo o boiadeiro que se prezasse tinha vários destes cães e alguns até se gabavam de que, ao regressar das viagens, já com alguns copos bebidos, após realizarem os seus negócios, penduravam as bolsas de dinheiro ao pescoço dos Rottweilers na certeza de que ali, ninguém as roubaria.
Durante várias décadas estes cães foram selecionados pela sua vitalidade, inteligência, resistência e capacidade de condução. Desta forma tornaram-se parceiros insubstituíveis dos negociantes de gado.
Com o modernizar dos tempos, as ferrovias passaram a ser utilizados no transporte do gado e o Rottweiler perdeu a sua mais importante tarefa.
Em 1882 surge o primeiro registro de um Rottweiler sendo apresentado em exposição cinófila.
Em janeiro de 1907 foi fundado o Deutscher Rottweiler Klub Clube Alemão do Rottweiler (DRK). No mesmo ano, no mês de abril, após uma forte divergência entre diretores do DRK, foi fundado o Internationalen Rottweiler Klub (IRK). Com o passar do tempo perceberam que não havia lugar para este tipo de procedimento, pois a união dos clubes só traria benefícios para a raça.
Em 1910, o caráter e as qualidades desta raça foram novamente notadas e mais uma vez foi chamado ao trabalho. O Rottweiler foi então uma das raças indicadas e testadas para o serviço de polícia, tendo mostrado mais uma vez as suas excelentes qualidades e com isso aprovado como Cão de Polícia.
Em agosto de 1921 foi fundado o Algemeiner Deutscher Rottweiler Klub (ADRK), que é a fusão do DRK e IRK. Este clube permanece ativo e comanda tudo o que diz respeito à raça Rottweiler, inclusive com relação ao padrão oficial da raça.
O Rottweiler chega na América em 1928, desembarcando nos E.U.A. e em 1930 nasce a primeira ninhada americana. O AKC (América Kennel Club) reconheceu a raça em 1931.
O Rottweiler chegou no Brasil, em 1967, trazido da Alemanha por Dimiter Petroff, e o primeiro exemplar foi um macho chamado Astor von der Wesfallenstube, que não chegou a reproduzir.
O primeiro canil brasileiro a registrar uma ninhada foi o Alcobaça em 1972, sendo que os pais da ninhada, importados da Alemanha, Camba von Beseliche-Kope e Etzel von Gertudenhof, geraram o primeiro filhote registrado no Brasil: Aca do Alcobaça, RG 62.521 e cinco fêmeas, Alba, Amba, Anna, Anka e Amai.
Desde então o Rottweiler foi intensamente importado principalmente da Alemanha, e já foram registrados mais de 200.000 filhotes da raça aqui no Brasil. Só no ano de 1997 foram registrados por aqui 26.000 filhotes.
Para controlar e manter a qualidade, estes números são assustadores, pois na Alemanha em 96 anos de existência de Clube foram registrados apenas 108.000 filhotes. Na Alemanha os cães não podem acasalar sem que cumpram um rígido regulamento de criação, e somente os aprovados em todos os quesitos poderão gerar filhotes com pedigree.
Na maioria das cinofilias de peso, o Rottweiler aparece, nos anos 90, entre as 10 raças mais registradas. Por exemplo, durante 12 anos consecutivos, de 1998 à 2000, ele configurou entre as 10 raças mais registradas na maior cinofilia Mundial, a americana, sendo que atingiu a impressionante marca de 100.000 registros em apenas um ano, fato ocorrido em 1995.
Em terras brasileiras ele é um sucesso incontestável. Nenhuma outra raça conseguiu registrar 20% de todos os registros nacionais. É impressionante, pois isso significa que a cada 05 filhotes registrados em 1997, um era Rottweiler. Conseguimos computar dados desde 1994, e ele foi o mais registrado de 1995 à 2000, sendo a segunda colocada em 1994 e 2001, terceira em 2002. Durante muitos anos o Rottweiler também vem se destacando como a raça com expressiva participação nas exposições cinófilas, sendo na maioria das oportunidades, a que apresenta o maior número de inscrições. Em uma exposição especializada da raça promovida pela Associação Paulista do Rottweiler durante o ano de 2002 houve 182 inscrições.
Atualmente o Rottweiler é utilizado como cão de guarda, cão guia de cego, participa de agility, provas variadas de trabalho, onde são testadas suas aptidões para exercer sua função.
Este é o mais importante fator para se analisar no Rottweiler, pois se ele não tiver atitude de um cão ativo, ligado, com movimentação extremamente fluente, excelente cobertura de solo e resistência física, de nada vai adiantar ser bonito, ou simpático, pois conforme determina o padrão, todo cão deve possuir características físicas e de temperamento que o possibilitem desempenhar sua função, que neste caso é o TRABALHO.
Marco Antonio Fernandes Titular do Canil CAREBRU